domingo, 21 de março de 2010

Do que me recordo

Saudade era o gosto do cappuccino no café com layout dos Beatles. 
E a memória na varanda da minha cabeça pedindo o retorno dos cheiros antes guardados em meu paladar. 

Meu paladar variava entre nossas brigas e orgasmos. 
Antes fosse o creme com calda de chocolate entre meus dentes e piercings. 
O que era mesmo o gosto de coisas amargas era uma musica dos anos oitenta;

……………………[“take my breath away...” ela cantava.] 

O que são os anos agora? 

Nem oito, nem oitenta. 

Saudade era os Beatles em qualquer “café da noite”, antes de qualquer aparência nostálgica. 
Antes de qualquer sinal de afeto. 
O que realmente afeta é o medo da distância forçada entre os lábios sujos de saudade. Sujos de verdades. Não pelo que sentimos, mas pelo que somos. 

E o gosto que vai ficar na minha boca é o gosto de todos os “eu te amo” que ainda vão ecoar pelos confins dos meus pequenos dedos até que eu fique surdo de paixão novamente. 
Até que eu surte de amor em outra tarde chuvosa de domingo. 

E até que eu me encontre depois de te perder... 
Saudade sempre terá um nome.