segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Quitanda

Tem queijo sim.
Na quitanda tem pimenta.
Tem tempero de todo gosto.
Tem salça, couve, vinho do porto.

Tem beijo sim.
No cobertor a gente esquenta.
Naquele frio do mês de agosto.
Tem cama, beijo, lingua no corpo.

Tem jeito sim.
Dor forte a gente aguenta.
No beijo que parecia um soco.
Tem verdades, mentiras, e amor de novo.


Agnus Aquiles

sábado, 8 de outubro de 2011

Sobre doses (erradas) de amores (Certos)

É porque hoje se torna ainda mais presente sua presença silenciosa.
É porque ainda que viva aqui, do que adianta?
Se morta em papel passado e molhado de lagrimas.
Não me preocupo mais com o futuro.
Não entendo mais o presente.
E ainda que de presentes sustentavam o que sentíamos.
Presente foi você em todas as minhas derrotas.
Se me perguntasse o porquê de tantos tombos, responderia com a mesma tenacidade que teve quando me respondeu o porquê da despedida.
E mais que felicidade, hoje meus dias são sustentados pelo reflexo da sua ignorância.
Pelo sabor da minha vitória.
E por você em minhas memórias.
Hoje aprendi que é mais fácil vender velhas promessas
Para poder comprar novos sonhos.


Agnus Aquiles

Baralho do Tempo

Enquanto você vomitava todas aquelas palavras plebéias sobre mim.
Admirava eu seus cotovelos, joelhos e outras juntas mais.

O olhar que me enviava por e-mail
Quase automático.


E o jeito de desabotoar todas as minhas camisas de força.

Fazia com que você se tornasse todas as mães que ainda não tive e sinto falta.
Mas falta mesmo me faz aquele meu jeito sutil de derrubar todos os seus ilusórios sonhos com o futuro.
Um futuro que apenas você via.
Quando sozinha no seu quarto lia.
As cartas de um baralho velho e desgastado.

Agnus Aquiles

Paladar

Do nada tempero palavras
Servidas ao seu paladar
Pouco apurado
Pouco preocupado
Com minhas explicações sobre Sinatra.

Pra você não fiz Serenata
Nem notas falsas
Nem agudas ao seu paladar pouco apurado.

Pra você fiz um barco
Em que naveguei
No seu mar de incertezas
E decisões incertas.

O barco afundou
Me esforcei e nadei
Procurei as margens de erros em nós.

Nadei na sua sopa de letrinhas confusas
Feito anagrama
Mas o prato do dia realmente não agrada
Seu paladar pouco apurado para o amor.

A cozinha fechou
Apague a luz quando sair.

Deixe a porta aberta, por favor.

Agnus Aquiles

Cabelos

Eram pretos, bem pretos os seus cabelos.
Tão lisos que eu escorregava de encontro ao chão.
Doía.
Mas os seus cabelos menina...
Ah... Eles sim muito valia.

Era tarde dourada de sol
E o preto da minha blusa queimava.
Seu rosto como Lua em dia de sol.
O sol em seus cabelos
O que era o sol?

Pura melanina
Moça, mulher, menina
E cabelos aqueles que me enrolavam
Com belas e doces palavras
Chamadas mentiras.

E verdade
Era sua testa em meu beijo
Exigindo respeito.
Meu medo, no seu leito
Quando amanhecia.

E seus cabelos emaranhados
Tão confusos quanto suas linhas de raciocínio.
Pretos e lisos
Pouco a pouco me iludindo.
Não tente me consertar
Eu não estou quebrado.
É sua visão que está turva.
O telefone que não toca,
seu instinto que me assusta.
Você que me desloca,
pro seu mundo me invoca
e lá fica muda.
Em seu silêncio adormeço.
Me entorpeço.
Pra não mais acordar,
e te ver, completamente nula.


Agnus Aquiles