sexta-feira, 18 de julho de 2014

Muro



Muro alto.
Prisioneiro.
E a tenda que protegia.
Quase se foi com o vento.

Quase foi vendaval.
Esse sorriso faceiro.
Que muro algum esconderia.

Muro alto.
Prisioneiro.
Já nem queria ser livre.
Depois da tempestade.
Grade alguma é tormento.

Agnus Aquiles

segunda-feira, 14 de julho de 2014

Tela Viva



Na tela vive a tinta morta.
A tinta seca, que a tela da vida.
Na tela plana, branca, bege, rosa.
Na tinta o cheiro é morto.
Com gosto de pincel.

É viva a grande obra.
Na mão de artista aleijado.
Na tela tudo nasce.
Sem parto vermelho carmim.
Sorria Mona lisa de cabelo pranchado.
Com olhar de embaraço, se mostra pra mim. 

Agnus Aquiles 

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Veste

A veste que visto me serve.
A veste que me cobre e me esconde.
A veste que me mostra como quer.

O que eu visto é como é visto de fora.
O que não insisto por medo do nada.
O que além de roupa, é casca.

Talvez um dia, vestido da verdade
Talvez, quem sabe, não sirva essa vaidade
Talvez um dia, por ai andarei nú.


Agnus Aquiles

sexta-feira, 16 de maio de 2014

Passos



Passo em falso
Falso alívio
Pedra no sapato
Retiro.

Coloco
Pontos e pontos e vírgulas.
Nada é mais reticências que um caminho.
Nada é mais livre que o arbítrio.

Agnus Aquiles

terça-feira, 13 de maio de 2014

Sobre homens e lobos



Hoje solitário vaga a ermo, lobo
Outrora era homem sem planos
Com medo da vida, do mundo, dos sonhos
Hoje quatro patas, nenhum destino.

Quantas almas foram preciso pra te criar?
Lua cheia prateada te viu nascer
És tu mesmo filho da lua?
Que em quatro faces diferentes és apenas uma?
Sendo assim, lobo e homem é você
Instinto social.

Quem te fez vives?
Foi sábia a decisão de te conceber?
Eras homem ou lobo?
Pois os dois poderia ser
Isso é concedido apenas a você.

Quantos uivos a lua te saudaram?
Quantos holocaustos à ti?
Hoje és o sacrifício
Hoje quatro patas, nenhum destino.

Agnus Aquiles
(Escrito em 18/12/05)

sexta-feira, 9 de maio de 2014

Inquietante




Foi um surto.
Desses de chover no pensamento.
Inundar decisões.
Perigoso.

Foi inquietante não controlar.
E ver acontecer.
Sem freios, sem medo.

Foi um surto, no susto, do nada.
Para além de qualquer barreira de controle
De qualquer empurrão aleatório.

Quando o leite derrama, só podemos limpa-lo.


                                                                             Agnus Aquiles

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Eu amarrei escadas no céu.
Com medo de cair.
Com frio no estômago.
Vazio de confiança.

Eu amarrei as cordas no firmamento.
E balançava minha fé.
Com dúvidas na mente.
Cheia de coisas para pensar.

Eu lia sobre poetas.
E escrevia em linhas tortas.
Com letras garranchadas.
Cheias de sentimentos puros.
 
 Agnus Aquiles